sexta-feira, 27 de maio de 2011

voltei à primeira pessoa!




sabe, até quando o telefone tava desligado eu tinha sensação de que estava a tocar. o bar, as cervejas, as cajuínas, as músicas do bar, tudo me fazia lembrar você.  foi assim por mais de duas semanas, pensei que não te esqueceria nunca.

um poema do torquato neto me dizia o tempo todo: "o nome normal disso aí é s-a-u-d-a-d-e!". e era mesmo. era. era, da expressão não é mais. do verbo esquecer. era, da expressão 'lembrei de te esquecer'. e o que parecia lembrança pra sempre tornou-se esquecimento rápido, até. sinto que te esqueci rápido demais.

como escreveu edwar castelo branco: 'voltei à primeira pessoa.'. e voltei mesmo. mas voltei em minúsculo. voltei pequeno, pensando que não conseguiria ser grande. maiúsculo. mas voltei à primeira pessoa. dediquei a mim um pouco de egoísmo. voltei a pensar em mim.

ah! depois de duas semanas foi o jeito não atender seu pedido. lembra? você citava chico buarque e dizia: 'não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?'. não teve jeito.  eu tinha que te esquecer.

e o primeiro passo foi um porre. descobri porque bebem pra esquecer. funciona mesmo. segundo passo foi não ouvir 'drão'. sem caetano veloso pra torrar a paciência. se tem que esquecer que seja ignorando 'aquela música', como canta jay vaquer.

terceiro passo foi outro porre com os amigos. bebi pra comemorar o esquecimento, mas não foi porre apenas por diversão. foi porre de conversas. pra falar de futebol, bebedeiras, futuros (sim, no plural. são muitos planos. muitos futuros.), trabalho, estudo e política. falamos de tudo, menos de você. aquilo era sinal de esquecimento. era fim de saudade.

a saudade não era um tormento, como canta chico buarque. era, na verdade, o tempo querendo voltar, como canta patrícia mellodi. mas o tempo não volta. então era melhor esquecer mesmo. era uma saudade que não fazia bem. era saudade, lembrança de me fazer ter vontade de parar feito bobo e ficar olhando sem “olhar”. saudade de fazer pensar muito em você e não te esquecer um só minuto. não chegava a ser tormento, mas não era das melhores.

lembrava do que foi bom, mas logo vinha a tristeza. tinha felicidade também porque a gente foi feliz. mas a tristeza era porque não repetiríamos nada daquilo outra vez. o tempo não voltaria, mas eu poderia voltar à primeira pessoa. e voltei mesmo.

guardei as fotos  em lugar escondido, rasguei cartas, apaguei e-mail. enfim, dei um fim á essa saudade.

olha, já é alta madrugada. escrevi pra te esquecer. um texto era o último passo. escrevi ao som de 'três da madrugada', de torquato neto e gilberto gil, mas o player está a  alguns segundos de começar a tocar 'saudosismo', do caetano veloso.

p.s.: "Eu, você, nós dois, já temos um passado, meu amor [...] Ah, como era bom, mas chega de saudade [...] Chega de saudade, chega de saudade, chega de saudade, chega de saudade." (Caetano Veloso)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ele e Ela!







Dois carentes caretas.
Dois patetas porretas.
Um sonho. Uma sonhadora.
Um olhar. Um sorriso.
Ele Nazária. Ela Teresina.
Ele Nazária. Ela Teresa Cristina.

Quietude, ela euforia.
Ela Caetano, ele Torquato Neto.
Ela cantando, ele dançando.
Ela entusiasmo, ele nem aí.
Ela paixão. Ele entusiasmo.
Ela amor. Ele paixão.
Ele amor, ela nem aí.

Ela tarde ou noite. Ele tarde da noite.
Ela Shopping. Ele Chopp.
Ela rock. Ele MPB.
Ela rock britânico. Ele pop brasileiro.
Ela MPB. Ele brega.

Ele pondera. Ela briga.
Ele rabisca um coração. Ela pinta e borda com seu coração.
Ele sozinho. Ela multidão.
Ele texto. Ela foto.