sexta-feira, 13 de julho de 2012

Longe aqui!





Sento pra te ligar. Peço uma cajuína e torresmo. Estranho que vendam torresmo em um bar do Palmeiras, algo meio canibal, sei lá. Enfim, falar contigo me deixa em paz. Queria estar contigo, mas não posso agora. Você não atende.

Quase ninguém no bar, o que é bom. Estou em busca de paz, ando com a cabeça pelas tabelas. Mais um telefonema e você não atende. Palmeiras acaba de sofrer um gol. Não entendo porque mantém esse goleiro no time titular. Jurei por Deus, de pés juntos, que não reclamaria mais desse goleiro. Vou cumprir a promessa. Eu acho.

Às vezes lamento a solidão de quem não tem um grande amor. Lamento também minha situação, que também é sua, eu acho. Estamos distantes. Justo agora que mudei tanto, justo agora que meu mundo já não era mais essa coisa feia, triste e comovente como a defesa do Palmeiras quando formada por Deola no gol, Maurício Ramos e Leandro Amaro na zaga e Márcio Araújo no meio. Mais um telefonema e nada. Deve estar dormindo. Queria ouvir tua voz.

Palmeiras acaba de fazer um gol, comemorei discretamente. Talvez comemorasse eufórico se conseguisse falar contigo. “Alôôôôôô, ô me atenda pelo telefone!”.

Desculpas, eu me exaltei.

Estou aqui há mais ou menos uma hora, ligo, você não atende. Gol do Palmeiras. Golaço, aliás. Gol do Luan e passe do Denoni. Acho que ele vai ser o novo Pirlo.

Enfim, ligando pra dizer que estou com saudades, que preciso ouvir tua voz. Pô, sem você, eu tropeço. Sem você eu fico triste. Mais triste do que todos os palmeirenses naquele ano de 2009, quando perdemos um título ganho.

Palmeiras domina o jogo. Mais uma chamada não atendida. Não domino meu nervosismo com o jogo e nem com o fato de você não atender. Deve estar dormindo mesmo. Uma menina na mesa ao lado, alheia ao jogo e ao namorado, que grita feito um louco, começou a cantarolar “bem devagar”, do Gilberto Gil. Acho que é dele. Por um instante me distraí do jogo, dediquei atenção à menina. A música é linda. Se você atendesse ao telefone, diria que “sem correr, bem devagar, a felicidade voltou pra mim, sem perceber, sem suspeitar, o meu coração deixou você surgir”, mas você não atende.

Palmeiras marcou o terceiro e não comemorei e começo achar estranho e melancólico te mandar esse SMS enquanto palmeiristas se abraçam e comemoram eufóricos e eu espero o outro telefone tocar, na esperança de que você retorne a ligação.

A cajuína esquentou, o torresmo esfriou, o jogo acabou e o Palmeiras venceu mais uma, apesar do Deola. E eu te amo a perder de vista.

P.S.: “E como o despertar depois de um sonho mau, eu vi o amor sorrindo em seu olhar. Chegou sem correr, bem devagar.” (Gilberto Gil).

terça-feira, 10 de julho de 2012

Gente, o Palmeiras! (Palmeiras, eu te amo, porra! III)






Gente, o Palmeiras!

Já é terça, quarta é logo ali, a ansiedade toma conta, a tensão toma a atenção. A memória vai se refrescando com alguns momentos importantes de alegrias e tristezas e esperanças. Momentos de calmaria, tensão, medo e esperança. Muita esperança de ver o Palmeiras mais uma vez imponente. Lutando como nunca no gramado, honrando a torcida, a sua história e os jogadores que vestiram sua camisa e fazem parte da sua história.

O momento é de ansiedade. Mas é muito mais de esperança. Os palmeiristas estamos a cada minuto mais certos de que viveremos um grande momento, certos de que uma glória grandiosa nos espera quarta feira.

O momento é incrivelmente eufórico. De esperanças. Sim, a repetição da palavra esperança é proposital. Os palmeiristas estamos esperançosos. Há tempos esperamos por esse momento, há anos sem título nacional, e isso é triste. Muito triste. Quarta feira tudo isso pode mudar. Poderemos conquistar um título nacional, a importante Copa do Brasil. A concretização da conquista dará ao Palmeiras a marca de melhor campanha da história da Copa.

Amanhã há de ser outro dia. De lágrimas de alegria como as do primeiro jogo contra o Grêmio, as do segundo jogo contra o Grêmio. De alegria como as do jogo da semana passada, quando vencemos por dois a zero e ficamos uma mão na taça. Sem as lágrimas de tristeza do jogo contra o Grêmio, pelo Brasileirão, em 2009, o ano que não acabou. Ainda não acabou, pois semana passada nós comemoramos um feliz natal e quarta feira, havemos de comemorar um próspero ano novo e finalmente sairemos desse ano tristemente inesquecível. Ah, Como ficarei insuportável de feliz em caso de título.

Sim, os verbos na primeira pessoa do plural também são propositais. Sabem Deus e os palmeiristas o quanto esperamos por esse momento. Sabem Deus e os palmeiristas o quanto lutamos por esse time, o quanto sofremos, sabem quanta energia positiva temos mandado.

Quarta feira vai ser lindo ver o Felipe Scolari comemorar mais um título pelo nosso alviverde imponente. Vai ser uma coisa beleza. Vai ser uma lindeza ver a torcida palmeirista comemorar mais um título ou, no caso dos mais novos, vê-los comemorar o primeiro título da vida de palmeirense deles.

Quarta feira é logo ali. Seremos felizes, eu sei. Teremos uma glória grandiosa, eu sei. Os palmeiristas sabemos. Mostraremos que, de fato, somos campeões. Será linda a festa.

Quarta feira é logo ali, será dia de Palmeiristas insuportáveis de felizes, dia de um grão de loucura (não confundir grão com grau!), enfim, viveremos dias de alegrias a perder de vista, dias de palmeirense mais feliz do que todas as crianças ricas do planeta.

Aqui é Palmeiras, baralho! Palmeiras, eu te amo, porra!

P.S.: "Defesa que ninguém passa,
linha atacante de raça,
torcida que canta e vibra."
(Hino do Palmeiras)

sábado, 7 de julho de 2012

O Chato





- Está tudo bem, cara?

- Sim, está. Por quê?

- Cê está bebendo sozinho nesse bar. Cê está bebendo Glacial e colocando a mesma música do Eric Clapton há mais ou menos 40 minutos e isso me faz pensar que você não está bem.

- Está tudo bem. Pode deixar.

- Está mesmo? Olha você está com um olhar de quem chorou muito. Mais do que todos os botafoguenses depois daquela final do estadual de 2009 e olha que faltou pouco pro Rio de Janeiro virar uma cidade submersa.

- Mas eu já disse que está tudo bem. Pode deixar.

- Sei não. Essa cara de solidão e desolação faz pensar o contrário. Acho que você não está bem, mas fala que está pra te deixarem em paz. Parece coisa de quem usa a modéstia. Não sei se você sabe, mas esse lance de modéstia é uma mentira, quando uma pessoa vem com modéstia eu já percebo que ela tá querendo um afago. Parece estar implorando pelo elogio que não tem coragem de fazer a si mesmo. Você me dá essa impressão.

- Impressão de quê? Eu só quero beber minha cerveja e ouvir a porcaria dessa música um milhão de vezes. O que você tem contra essa música? Eu gosto dela e quero ouvi-la. E o que é que modéstia tem a ver com isso?

- Mas cê parece triste, é sério. Conheço tristeza de longe, cara. Olha aí, a música vai tocar de novo. Cara, quanto cê gastou nesse jukebox colocando essa música? Tá rico, né moleque? O começo dessa música é engraçado. Mas diz aí tua namorada te deixou foi? Fugiu com outro? Nesse tempo de festa junina as mulheres são danadas pra fugirem com o cara que grita a quadrilha, digo isso porque a Joana – lembra-se dela? – me trocou por um cara que tava gritando quadrilha no bairro.

- Lembro não, mas talvez ela tenha tido algum bom motivo pra te deixar. Ou algum bom motivo pra ficar com outro cara, o que é mais provável. Deve ter se entusiasmado com ele. Sei lá. Essas acontecem, cara. Ah, e minha namorada não me deixou não. Eu nem tenho.

- Sei não! Aí tem coisa. O que te aflige?

- Nesse momento, você e essas perguntas e insinuações bestas, me deixa em paz, mermão. Ah, eu lembro sim quem era Joana e ela disse que ia terminar contigo porque tu és chato pra caramba.

- Precisava falar assim não. Tava aqui de boa, tentando ajudar.

- Desculpa, me exaltei. Mas cê me tirou do sério, cê pode voltar pra sua mesa, por favor?

- Tudo bem, eu volto. Pode ficar aí de boa. Ah! E, por todas de uma vez, quem é Alberta?

- Sei lá. Pergunta pro Eric Clapton, a música é dele.

P.S.: “Sai pra lá, se manca, vê se me esquece, não aguento mais, já tô com stress.” (Só Pra Contrariar).