quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Lux quae sera tamen






Café pra livrar-se do sono.
Fé pra livrar-se da dúvida.
Foco pra livrar-se da burrice.
Felicidade pra livrar-se das músicas de tristezas.
Conselhos pra livrar-se do que lhe aflige.
Oração pra livrar-se da angústia.
Amigos pra livrar-se da solidão.
Amor próprio pra livrar-se de sofrimentos futuros.
Livros pra livrar-se da falta de assunto.
Filmes pra livrar-se da falta de inspiração.
Músicas pra livrar-se da mente vazia.
Futebol pra livrar-se do tédio.
Let-s get It on – Marvin Gaye – pra livrar-se de 50 Receitas – Leoni.
Jacó pra livrar-se da desesperança.
Citação: “Os dias na esperança de um só dia”.
Simpatia pra livrar-se da timidez.
Rua pra livrar-se do silêncio.
Coragem pra livrar-se do Complexo de Girafales.
Luz pra livrar-se da escuridão.
Indiferença pra livrar-se dos chatos.
Novos sabores pra livrar-se do mais do mesmo.
(Tome nota: Pizza de chocolate).
Ternura pra livrar-se da amargura.
Desabafos pra livrar-se do sufoco.
Compreensão pra livrar-se de zangas.
Atenção pra livrar-se dos atrasos.
Abraços pra diminuir distâncias.
Reencontro pra amenizar a saudade.
Sorrisos pra afastar dissabores.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Na praça





Era apenas um rapaz em uma praça. Praça vazia. Era apenas um rapaz a esperar. Pernas inquietas, coração aos pulos. Tipo assim num baião. Talvez precisasse acalmar o coração.

Era apenas um rapaz em uma praça. E ele tinha mais de vinte mil perguntas. Por que tanta distância? Por que tantos dias? Por que quatros porquês? Por que o Dunga? Por que a distância? A história se repete por quê? Porque ele repete as histórias. As estórias.

Era apenas um rapaz em uma praça. Nas mãos um livro de Ricardo Kelmer. No fone de ouvido Emílio Santiago. Verdade Chinesa. Era apenas um rapaz em uma praça. Sentado. Acomodado. À vontade.

Era apenas um rapaz em uma praça pensando o que queria da vida. Um refrigerante pra suportar esse calor infernal enquanto ela não chega. Ônibus. Bicicletas. Pessoas com medo da rua. Da violência desenfreada. Espera. Começou fumaça. Tem sempre um aprendiz de Nero pondo fogo na cidade.

Era apenas um rapaz em uma praça. Com a intenção de um beijo doce na boca e ensaiando uma frase pra falar da saudade desmedida. Espera. Seu horário deveria ser mais cedo. Mulheres! Pensa que poderia fazer uma serenata. Os amigos ajudariam. Cantaria os olhinhos de noite serena.

Era apenas um rapaz em uma praça enquanto ela se aproximava vestindo um vestido florado. Óculos escuros. Ninguém mais bela. Era apenas um rapaz a esperar em uma tarde de outubro, sob um sol de rachar catedrais. Abana-se com o livro. Ela chegou.

- Quanto tempo!
- Pois é. Quanto tempo!


p.s.: “Ela vem e ninguém mais bela vem em minha direção” (Marisa Monte)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

longe




para ler ao som de tem que acontecer. sergio sampaio.

edwar castelo branco no lugar do cérebro. em pensamentos repete baixinho para si mesmo trechos do professor. “rebobinei. rebobeei. voltei à primeira pessoa”. caetano no fone de ouvido. tudo parece tão distante. a multidão mais parece solidão coletiva. um estádio lotado parece solidão coletiva.

alheio a tudo que o cerca pensa na incompetência que leva aos finais infelizes. todo fim infeliz não deixa de ser um sinal de incompetência. repete outro trecho do professor. pensa nos erros e acertos. pesa. não foi nada ruim. erros e remorsos não apagam, não desmentem tudo o que houve de bom. muito bom.

quinze mil vozes lamentam um gol perdido. duas um amor. tudo parece solidão coletiva. quinze mil vozes citam trecho do professor. “sigo pensando nos liames que ligam o mim ao ti. a possibilidade ao acontecer”. gilberto gil no fone de ouvido.

rua cheia. solidão coletiva. alceu valença no fone de ouvido. pensa. então lembra e cita outro trecho de outro texto do mesmo professor. “sim, porque, por hoje, os quatro cantos me parecem vazios e silenciosos”.

nas calçadas de casas as pessoas conversam. solidão coletiva. e pensa em tudo o que poderiam ser. pesa. mais vale o que foram. o que não aconteceu não desmancha as alegrias, os passeios, as madrugadas em que a teve pelas mãos. ficará o que houve de bom. erros e remorsos não pautarão esses dias que se iniciam. promete não beber os mares. não quer ser outra vez resto de porre e ressacas infindáveis. prometeu. cumprirá. depressão nunca mais. george harisson no fone de ouvido. all thing must pass.

all thing must pass. all thing must pass. all thing must pass. all thing must pass.

o sorriso. as piadas. os livros na estante. a inteligência. a filosofia. pensa o quanto ela o fez crescer. não existe uma culpa específica. não faltou amor ou dedicação. talvez um jeito de colocar as coisas em prática. a dedicação talvez tenha sido errada. ele precisa de cuidados. ela também.
sergio sampaio no fone de ouvido. tem que acontecer.

p.s.: seja feliz, seja feliz.