quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Nostalgia




Seguia pelas ruas do bairro cantarolando um rock desses bem românticos. As coisas pareciam fora de lugar e ele não tinha a menor pretensão de ver as bobagens da TV. Talvez um bar, onde pudesse beber os mares.
Por alguns instantes lamentava por se encontrar em tal situação. Alegava estar quieto, calmo em seu lugar, sem pretensões de se apaixonar, até que ela apareceu em sua vida. Em pouco tempo ela se tornou, segundo ele, a coisa mais importante que lhe aconteceu nos útimos meses. Lamentava por não ter consigo aquela que era sua amada.
Dizia estar sem rumo e sem saber como pôr ordem em sua vida. Recorrer aos amigos era uma boa ideia, mas ele conseguiu a façanha de se afastar dos melhores amigos. Até dos piores ele estava distante. Precisava de alguém com quem pudesse reclamar da vida, da cerveja, da gravidade, do mais novo CD do Marcelo Camelo, dos juros, da economia, do PIB da Dilma. Sobre qualquer coisa. Do seu sonho de ir pro Recife, onde pretendia ganhar a vida e ser feliz. Era um cara cheio de pretensões.
Trazia consigo uma certa mágoa por não ter lutado mais. Poderia, acredita, pedir que ela ficasse. Poderia pedir, implorar, berrar, gritar, ajoelhar, qualquer coisa, menos desistir tão fácil. Não se conformava por tê-la deixado ir embora. Ela foi sorrindo, sem abraços, sem beijos de despedidas e sem lamentar. Mas, segundo ele, era um sorriso de quem pedia pra voltar, de quem pedia pra ele não deixá-la ir. Como deixar que um grande amor fosse embora? Como deixá-la ir se a amava? Como sofria seu coração.
Não sabia o que fazer pra esquecê-la, tinha sempre alguém pra falar dela, tinha sempre alguém com alguma característica que lembrava ela. Esquecê-la estava fora de questão. A saudade sempre vem na calada da noite, principalmente em uma caminhada sozinho e sem rumo.
Ele costumava dizer que ela parecia as personagens de um de seus escritores favoritos. Uma dessas garotas PhD em desilusão de entusiasmo e que é cheia de medo de sofrer. Ele deveria prever que mais dia menos noite ela poderia deixá-lo, assim, sem muita explicação, sem oportunidades para segundas chances pelas milésima vez, pois era assim que essas personagens se comportavam. A verdade é que nunca se deu muito bem com essas coisas de amor, entendia pouco e era ausente, embora se julgasse especialista em romantismo teórico. De que vale saber e não colocar em prática?
De passo em passo, chegou em um barzinho. Pediu pro carinha da música ao vivo cantar “Todo o sentimento”, do Chico Buarque, e pôs-se a segurar o choro no instante em que ele cantou. O mundo seria melhor se houvesse um jeito de refazer o tempo e fazer renascer o um sentimento que se desfez.
P.S.: “Os dias lembram alguém que nunca sai da mente.” (Jay Vaquer).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Noites sem fim






Eu hoje fiz um texto meio assim sei lá com pitadas de romantismos e achismos cheios de convicções.

E eu acho que estamos fazendo tudo errado e que você gosta muito de mim. E acho que também gosto muito de você, por isso vivemos por aí, por ali e por acolá nos perdendo quando encontramos alguém pras nossas vidas.

Nessa avenida estamos sambando errado. Nessa multidão estamos caminhando errado e pegando o bonde andando. Eu acho que já estamos pra lá da fase do entusiasmo, mas ainda não aproveitamos as chances e não nos demos conta de que mais tarde pode ser tarde.

Isso de achar que estamos perdendo chances me deixa cabisbaixo, com a cabeça pelas tabelas e cheio de aflições. E eu acho que essa gente absurdamente amarga vive a nos atrapalhar. E acho que estamos ficando amargos e nos atrapalhando. Sabe, nossas vidas andam meio vazias – sem essa de meio cheia – e já estou cheio de tantos desencontros e incompetência para aproveitar oportunidades.

Eu acho que hoje deveríamos nos perder até amanhã, esquecer essas pessoas tolas que se fingem de boas e esquecer essas pessoas más que não escondem querer nosso mal.

Eu acho que hoje deveríamos esquecer o amanhã e pensar no agora. Você deveria dizer sim pros meus achismos cheios de convicções. Eu acho que devemos nos perder até amanhã cedo. E logo, antes que seja tarde.

Eu acho que você deveria deixar de ser assim tão fria e aproveitar esse calor pra fugirmos pra um lago onde podemos fazer travessuras sem que nos preocupemos com o amanhã e com o inverno. Depois, eu acho que deveríamos seguir os conselhos da sua prima Vera e fugirmos e não voltarmos antes da primavera. E ela acredita que devemos fugir porque não existe amar sozinho.

Você precisa dizer sim pros meus achismos cheios de convicções. Vamos fugir hoje e voltar amanhã. Ou depois. Diz sim. Só vence na vida quem diz sim.

Aqueles que nos apoiam sabem que deveríamos aproveitar essa noite antes que seja tarde. Aqueles que nos apóiam alertam que despertar é bom e que deveríamos aproveitar a distração de todos e dos tolos para fugirmos daqui.

E eu acho que por todas de uma vez devemos juntar nossos sonhos e mundos fantásticos e vivermos o hoje como se o amanhã fosse hoje. E o depois fosse hoje. E o depois de depois também e assim será até que tenhamos conosco o pra sempre.

E eu tenho certeza que você acha todos os meus achismos verdadeiras convicções. E acho que você quer seguir comigo catando as poesias que porventura eu deixar cair. Segurando minha mão que teimará em ficar em meu bolso ou dentro do teu vestido.

E acho que você quer seguir comigo e citar poesias da Rosseane por achá-las apropriadas pra nós dois.

P.s.: “[...] Fique a toda hora
não me importa a tua hora
já que tens tudo de mim,
perto ou longe, sempre ou demais,
tenhas-me aqui, em luz ou escuridão
quero as noites sem fim [...]”
(Rosseane Ribeiro)