Reginaldo vivia seus
dias a espera de um só dia: o da volta de Rosinha, que foi embora e
o deixou no abandono, sozinho, triste feito um corintiano depois de
eliminação na Copa Libertadores. Sozinho, vivia pra morrer de
saudade.
Reginaldo estava
mal, “na bad” como disse Renato Paulo ao comentar sobre o amigo.
“Nós precisamos ir a casa dele, caras. Ele tá na fossa, na bad”,
dizia Renato. Ele estava preocupado e os amigos também.
Quando chegaram
encontraram o pobre do Reginaldo bebendo um vinho, desses baratos, em
um copo americano e ouvindo Raça Negra. Disse que estava entre Raça
Negra e SPC há três dias e sem saber o que fazer pra ter Rosinha de
volta.
- Caras, eu vacilei,
fui burro, fui infantil demais. Disse pra ela que seria feliz
sozinho, que precisava de um tempo só e ela fez foi me deixar. Disse
que eu estava livre pra fazer o que eu quisesse, mas eu nem sei o que
quero – dizia Reginaldo entre um gole de vinho e umas lágrimas –
que é que eu vou fazer? – perguntava o inconsolável rapaz
desamparado.
- “O que é que eu
vou fazer com essa tal liberdade?” – cantava. – Eu tô na
solidão, eu vivo pra morrer de saudade. Eu não quero esquecê-la,
mas se algum dia eu quiser, como é que eu faço? – insistia em
perguntas. – Pra ser sincero eu quero mesmo é ela de volta. Algum
de vocês, por favor, diz pra ela que eu a amo e só vou deixar de
amá-la quando o Sergio Cabral deixar de dissimular. O que eu faço
pra ela voltar?
- Rapaz, eu acho que
o Jurandir pode te ajudar. Ele é que entende dessas coisas, ele
estava do mesmo jeito com a Francisca Helena e eles voltaram –
disse Oduvalzinho, o mais novo da turma.
- Diz aí Jurandir o
que eu vou fazer –, implorou Reginaldo.
- Rapaz, o que ele
fez foi meio sem graça, ele chamou uns anões pra fazerem serenata e
depois chamou uns Mariachis. Nem Mexicanos eles eram. Vai na onda do
Jurandir não que as ideias dele parecem coisa de doido – alertou
Lindomar.
- Verdade, se seguir
as ideias dele aqui é capaz da Rosinha não querer nem te ver mais.
Eu digo isso porque minha namorada, a Rosali, disse que se fosse com
ela, ela ia era correr até o Qatar pra não passar por uma coisa
dessa. – Alertou Adolfo.
- Pela Rosinha eu
faço tudo, até as coisas mais bregas, qualquer coisa que faça ela
me querer de volta. Pelo amor de Deus, Jurandir, tu que entende
dessas coisas de segunda chance pela milésima vez, diz aí: o que eu
vou fazer? Diga, homem – suplicava Reginaldo.
Jurandir explicou o
que fez, falou em serenatas, mariachis cantando 'besame mucho',
flores e travessuras. Reginaldo entendeu o recado e no dia seguinte
faria o mesmo, precisava tentar, era a última chance.
O que Reginaldo não
sabia é que Rosinha quase morreu de rir quando soube que Jurandir
fez serenata com uns anões vestidos de anjo e cantando “please
forgive me”. Rosinha disse para as amigas que se algum dia alguém
fizesse isso pra ela era fim de romance por justa causa. Reginaldo
não sabia, mas sua última tentativa poderia ser a última chance.