quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ando tão à flor da pele




De repente, não mais que de repente, as ilusões que as pessoas costumam perder na idade madura, eu tenho perdido ainda na minha juventude de 21 anos. A política, a imprensa, a justiça, os meus heróis, os intelectuais e quase todas as coisas que eu admirava foram se apequenando e têm saído da minha ‘lista’ de coisas que merecem a minha simpatia.

Vez ou outra surge uma coisa ou um ato que, como disse Lima Barreto, me faz ‘ter mais simpatia pela nossa espécie, mais orgulho de ser homem’, mas são tão poucos os atos de grandeza que a gente já nem se empolga tanto.

Em tempos de egoísmo e de moralidade baixa, a desconfiança faz-se constante. As dúvidas sobre as intenções de quem faz o bem estão quase sempre presentes. A esperança, coitada, é um sorvete em pleno o sol.

O momento atual, seja na política, na imprensa ou na justiça é de causar constrangimento. Indignação também, mas o constrangimento muitas vezes é ainda maior.

A gente cria fantasias, pensa que pode até ser político que é pra colocar em prática o desejo juvenil de mudar o mundo, mas aí se depara com as coisas ‘pequenas’ desse meio. A política, que pena!, é mais suja e mais feia do que tudo isso que a imprensa noticia.

Ouvi numa novela, um personagem dizer que ‘pra ser político o sujeito tem que ter dinheiro, simpatia e não pode ter escrúpulos’.

Uma vez ouvi o humorista João Cláudio Moreno dizer que ‘o problema não é a política e, sim, a cultura política’, mas eu creio que isso não muda nada. Tá tudo muito sujo. O medo tem vencido as esperanças, tem feito força pra vencer todas as batalhas e a guerra.

Li, hoje à tarde, no livro ‘Filhas do Segundo sexo’, de Paulo Francis, um texto que ele atribui a Tadeuz Borowski e um trecho desse texto diz exatamente isso: “O mundo não é governado pela justiça ou moralidade; O crime não é punido, nem a virtude recompensada. O crime é esquecido tão depressa quanto à virtude. O mundo é governado pelo poder”.

Vai ver é isso mesmo. Que eu não perca os meus ideais e que eu encontre mais atos que me façam ter mais simpatia pela nossa espécie. Que não sejamos engolidos pelo egoísmo e pela ganância. Que não sejamos dominados pela raiva, vingança e que façamos o possível pra humanizar cada vez mais os nossos atos. Que tenhamos consciência dos nossos erros e que possamos corrigi-los.

P.S: Mais á flor da pele que o Zeca Baleiro vendo beijo de novela.

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