segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Por descuido ou displicência






Lado a lado, na mesma rua, mesma roda de samba. 
Corda bamba. 
Lado a lado, na chuva, no breu. 
Tempestade em copo d'água. 


Lado a lado, o mesmo passo, o mesmo olhar. 
Olhos fitam o vazio. 
Lado a lado, a mesma canção, a insônia. 
Dúvidas entre os dentes. 


Lado a lado, a solidão fica, a saudade passa. 
Resta-lhe a escuridão da praça. 
Lado a lado, mãos separadas, dedos em riste, olhar cortante. 
Tristeza, a faca de cortar corações. 


Lado a lado, a mesma turma, as mesmas histórias. 
A multidão é ninguém. 
Lado a lado, noite escura, solidão avalassadora. 
Murro em ponta de faca. 


Lado a lado, chaves nas mãos, novo futuro. 
Cara na porta. 
Lado a lado, nova estrada, novo rumo. 
Cai o mundo. 


Lado a lado, gritos, cansaços, teimosias. 
Já não procura carinho. 
Lado a lado, grama, concreto, barro. 
Pisa em espinho. 


Lado a lado, risos, festas, brindes. 
Lágrimas e medo. 
Lado a lado, comemorações, poesias. 
Tristeza no olhar. 

Nenhum comentário: