sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Na praça





Era apenas um rapaz em uma praça. Praça vazia. Era apenas um rapaz a esperar. Pernas inquietas, coração aos pulos. Tipo assim num baião. Talvez precisasse acalmar o coração.

Era apenas um rapaz em uma praça. E ele tinha mais de vinte mil perguntas. Por que tanta distância? Por que tantos dias? Por que quatros porquês? Por que o Dunga? Por que a distância? A história se repete por quê? Porque ele repete as histórias. As estórias.

Era apenas um rapaz em uma praça. Nas mãos um livro de Ricardo Kelmer. No fone de ouvido Emílio Santiago. Verdade Chinesa. Era apenas um rapaz em uma praça. Sentado. Acomodado. À vontade.

Era apenas um rapaz em uma praça pensando o que queria da vida. Um refrigerante pra suportar esse calor infernal enquanto ela não chega. Ônibus. Bicicletas. Pessoas com medo da rua. Da violência desenfreada. Espera. Começou fumaça. Tem sempre um aprendiz de Nero pondo fogo na cidade.

Era apenas um rapaz em uma praça. Com a intenção de um beijo doce na boca e ensaiando uma frase pra falar da saudade desmedida. Espera. Seu horário deveria ser mais cedo. Mulheres! Pensa que poderia fazer uma serenata. Os amigos ajudariam. Cantaria os olhinhos de noite serena.

Era apenas um rapaz em uma praça enquanto ela se aproximava vestindo um vestido florado. Óculos escuros. Ninguém mais bela. Era apenas um rapaz a esperar em uma tarde de outubro, sob um sol de rachar catedrais. Abana-se com o livro. Ela chegou.

- Quanto tempo!
- Pois é. Quanto tempo!


p.s.: “Ela vem e ninguém mais bela vem em minha direção” (Marisa Monte)

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