Era
apenas um rapaz em uma praça. Praça vazia. Era apenas um rapaz a
esperar. Pernas inquietas, coração aos pulos. Tipo assim num baião.
Talvez precisasse acalmar o coração.
Era
apenas um rapaz em uma praça. E ele tinha mais de vinte mil
perguntas. Por que tanta distância? Por que tantos dias? Por que
quatros porquês? Por que o Dunga? Por que a distância? A história
se repete por quê? Porque ele repete as histórias. As estórias.
Era
apenas um rapaz em uma praça. Nas mãos um livro de Ricardo Kelmer.
No fone de ouvido Emílio Santiago. Verdade Chinesa. Era apenas um
rapaz em uma praça. Sentado. Acomodado. À vontade.
Era
apenas um rapaz em uma praça pensando o que queria da vida. Um
refrigerante pra suportar esse calor infernal enquanto ela não
chega. Ônibus. Bicicletas. Pessoas com medo da rua. Da violência
desenfreada. Espera. Começou fumaça. Tem sempre um aprendiz de Nero
pondo fogo na cidade.
Era
apenas um rapaz em uma praça. Com a intenção de um beijo doce na
boca e ensaiando uma frase pra falar da saudade desmedida. Espera.
Seu horário deveria ser mais cedo. Mulheres! Pensa que poderia fazer
uma serenata. Os amigos ajudariam. Cantaria os olhinhos de noite
serena.
Era
apenas um rapaz em uma praça enquanto ela se aproximava vestindo um
vestido florado. Óculos escuros. Ninguém mais bela. Era apenas um
rapaz a esperar em uma tarde de outubro, sob um sol de rachar
catedrais. Abana-se com o livro. Ela chegou.
-
Quanto tempo!
-
Pois é. Quanto tempo!
p.s.:
“Ela vem e ninguém mais bela vem em minha direção” (Marisa
Monte)
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