quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cuidar de Amor exige mestria




Passava as noites vagabundeando pelas ruas e bares da cidade. Juntava-se a alguns amigos e saiam pras festas. Realmente estava diferente. Nunca foi assim. De sair pras farras em dias que antecediam o trabalho. Algumas vezes chegou à sua casa quase na hora de ir trabalhar.

Um banho, meia hora de sono e já era hora de trabalhar. Parecia cara de ressaca, mas era embriaguez mesmo. Pensava nela o tempo todo e ficava a ouvir Leoni. “50 receitas”. Continha o choro.

Perdia aulas. Às vezes, chato feito o carinha da música 'Lígia', do Tom Jobim, chegou a perder "amigos". Seu (mau) humor fez com que ele perdesse amigos. E as piadas.

Soube que ela andava lamentando o fim do namoro. Ele também fazia o mesmo e até pensava em procurá-la, mas desistia. Parecia ter nascido pra desistir. Os sofrimentos por amor que ele acumulou durante tanto tempo faziam com que desistisse de procurá-la. "E se ela me disser não? Talvez seja sofrimento passageiro".

Era assim que ele costumava ver essas coisas de amor: Como uma tarde no cais do porto, em que os que vão deixam saudades imediatas, com um prazo de validade.

Às vezes, um de seus amigos saia-se com uma frase lida em 'Dr. Jivago' e lhe perguntava "Mas e se isso não for amor e sim uma embaraçosa gratidão diante da beleza e da generosidade dela?"

Ela era mesmo muito linda, mas ele sabia que todo o seu sentimento não era apenas gratidão por sua beleza ou generosidade. "Coisa mais sem rumo!". Era amor. Nem gratidão nem paixão nem entusiasmo. Era amor. Tentava a todo custo saber como é que se esquece um grande amor. Não fazia idéia.

E esquecer não seria fácil. Tudo o que era dela e que ela levou pra casa dele ainda estava lá. Os CDs, os livros, as roupas pra ela vestir quando acordasse, a sandália que ela “namorou” um dia no shopping e ele comprou. O cheiro.

Um dia resolveu juntar todas essas coisas e devolver. Quando mexia em algumas coisas encontrou, em um pedaço de papel, trecho de uma música do Oswaldo Montenegro: "Cuidar de amor exige mestria."

Ele sabia que não tiveram mestria. Não souberam cuidar do amor. E talvez nem soubessem cuidar outra vez e isso o fez desistir mais uma vez de pedir uma segunda chance. Preferiu ficar só e bem acompanhado com a sua solidão. Preferiu as farras com os amigos.

Enquanto isso tentaria esquecê-la e aprender a dançar. De um jeito ou de outro. Só por uma noite tentou não sofrer. Tentaria depois um novo amor.

PS: “E quando acordar, aonde vai estar? Que roupa vai vestir? Aonde quer chegar?” (Asma - Visconde)

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