segunda-feira, 20 de junho de 2011

Esse moço tá diferente!






Cristina estava certa. Carlos mudou demais. Já não era mais romântico como nos tempos de antigamente, quando a levava pro ‘Ar Livre’ e saia dizendo que iria fazer uma ligação ou iria ao banheiro e voltava com flores. Carlos gostava de levá-la ao ‘Ar Livre’ porque era perto das floriculturas e ele gostava de comprar flores pra ela.

Mas o Carlos mudou demais. Antes, a levava duas ou três vezes por mês pro ‘Ar Livre’. Freqüentava restaurantes legais, mas gostava mesmo era de ir lá. Mas o Carlos mudou de uns tempos pra cá e não se interessava em levar Cristina nem mesmo pra comer espetinho na principal do Dirceu.

“Mermã, aquele traste não me leva mais pra lugar nenhum”, comentou Cristina com uma amiga. Pior de tudo é que Cristina não fazia a menor idéia de como explicar tal mudança.

Sabia apenas que ele mudou. Nunca mais comprou chocolates na ‘Cacau Show’, bem ali no shopping. Ele começou a comprar bombom caseiro e olhe lá. Não que ela tivesse algo contra bombom caseiro, até porque não era muito chegada nesse negócio de querer luxar, até gostava dos bombons. Problema é que esse tipo de mudança evidenciava o fim do romantismo. Ou até mesmo do amor.

Nos tempos da fase romântica, o Carlos era puro carinho. Cinema, restaurantes, mãos dadas, mas hoje é diferente. Mudou demais. Não tem quando dizem que uma pessoa ‘mudou da água pro vinho’? Pois o Carlos mudou do bombom da ‘Cacau Show’ pro bombom caseiro. Mudou demais.

Começou a dizer que mão dada era piegas. Como assim? Se antes ele morria de raiva de quem chamava romantismo de piegas?! Tinha algo muito errado. Carlos mudou demais. Cristina estava preocupada. Tensa, até pensou que tivesse feito algo muito errado.

Mas o quê? Perguntou-se. Ora, tem pra mais de dois meses que o Carlos ficou diferente, se fosse com ela já teria dito. Carlos mudou demais.

“Mermã, tu acha que ele tem é outra? Tu sabes que ele vivia de dizer que coração de boêmio não tem dona.”, disse uma de suas melhores amigas.

Cristina não sabia. Sabia apenas que o Carlos mudou demais. Começou a implicar com seus pais, dizer que a sogra pegava muito no seu pé. “E olha que a gente nem casado é”, dizia ele.

Pra surpresa e infelicidade de Cristina, Carlos mudou demais. Sem razão aparente.

Um dia, Cristina resolveu segui-lo. Ficou surpresa. Chocada. Jamais pensou que ele fosse capaz de fazer aquilo. “Sem vergonha!”, pensou.

Voltou pra casa. Triste, desiludida e sem saber se terminaria com ele. Carlos mudou demais e agora Cristina sabia o porquê. Enquanto voltava pra casa pensava no que fazer. Terminar ou esperar que ele tome rumo?

Carlos mudou demais e apenas Cristina sabia o porquê. Voltou pra casa. Triste e sem saber o que fazer. E com vergonha de contar o que vira. Não contou nada a ninguém. ‘E nem contarei’, disse baixinho, pra si mesma.

Carlos mudou demais. “Aquele traste”, gritou, sem querer, ao chegar em casa, bem na hora em que todos jantavam. Subiu. Com vergonha por ter gritado, mas mais envergonhada ainda com o que vira.

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