sábado, 11 de junho de 2011

No tapete, atrás da porta!


Se ela perguntar por mim, diz que estou no tapete atrás da porta, esperando um novo perdão e pensando no filho que queríamos ter. Qualquer canção que ela quiser vai embalar nosso repertório.

Ah! Estou no tapete atrás da porta com um livro de filosofia a pensar no filho que queríamos ter. Se possível, peça que ela me olhe nos olhos e complete logo os mil perdões.

Estou no tapete atrás da porta com todo o sentimento do mundo, com todas as intenções do mundo, afinal não existe pecado do lado de cá do Brasil.

Avisa pra ela trazer lenços, pois vou fazer mais uma daquelas doces e verdadeiras declarações de amor que sempre faço. Ah! Pode avisar que aquele beijo ainda está em minha camisa. O batom que ela usa parece tatuagem.

Diz que estou no tapete atrás da porta e eu vou pedir perdão e ela precisa dizer sim, pois só vence na vida quem diz sim. Já comprei o CD do Chico Buarque e tem mais samba.

Estou no tapete atrás da porta, ouvindo o Samba da Rosa, o Samba da benção e lendo uma notícia de jornal. O meu desalento já não tem mais fim. Pode avisar que já estou começando a chorar.

O Soneto de Fidelidade já é meu texto favorito. Eu aprendi direitinho o que o mestre Vinícius ensinou e agora, "de tudo, ao meu amor serei atento, antes..."

Espero por ela ainda hoje, pois do amanhã nada se sabe. Diz pra ela esquecer e que não foi por querer.

Estou no tapete atrás da porta a pensar sobre todas as coisas. Imagina. Já estou a ler as cartas que deveria ter jogado fora. Não há neste mundo ou em qualquer outro um ser mais sentimental que eu.

O tapete já não suporta minhas lamentações, e agora, no tapete atrás da porta, penso no romance que juramos eternizar para todos. Começou a tocar o samba do grande amor. E ela ainda não veio.

Foi o sol, veio a chuva, foi a valsa brasileira, veio o samba do grande amor. Foi-se a esperança, veio a dor, foi o amor, veio uma canção desnaturada.

Ela desatinou. Restou só o desencontro. Um retrato em preto e branco. Até pensei que ela viria, mas parece que não vai mais voltar. Será que ela volta? Ela não tem a malícia das outras mulheres. Ela ainda gosta de mim. Não faço outra vez.

Avisa que estou no tapete atrás da porta, a ouvir já não sei o quê. Foi o riso. Veio um chorinho.

Ah! Estou no tapete atrás da porta ouvindo chorinho. Diz que quando o carnaval chegar, eu vou fazer sob medida uma feijoada completa. O samba do grande amor voltou. Em seguida veio todo o sentimento. Olhei a foto em preto e branco e chorei um sonho de carnaval.

Será que ela volta? Ela é dura na queda. Estou no tapete atrás da porta a esperar por ela.

p.s.: Sim, vai. Vai e diz que eu tô precisando daquela segunda chance, pela milésima vez.

Nenhum comentário: